"1984"



Esse é o nome de um clássico livro de George Orwell, que criou o personagem fictício “O Grande Irmão” (eu NÃO estou fazendo apologia àquele lixo televisivo interativo a que remete esse nome, e que a sua criação foi inspirada nele); nesse livro, resumidamente, todas as pessoas estão sob constante vigilância das autoridades, como uma forma de controle e intimidação, sabendo que tudo o que se faz está sendo gravado.
Esse tipo de ficção não pretende exatamente prever o futuro, mas exibir uma imagem verossímil tão horrível dele que as pessoas (conscientes) lutem para que isso nunca venha a acontecer; a implantação disso seria de uma forma lenta e gradual, (com muito investimento em tecnologia e trabalho de convencer as pessoas de que não é algo tão ruim assim...), mas após implantado não haveria mais como reverter a situação. Por um lado funcionaria como um perfeito sistema de controle e repressão à criminalidade, - uma excelente desculpa - pois com isso a justiça deixaria de ser “cega”; por exemplo: pichadores, ladrões, traficantes, etc não poderiam mais fazer nada sem serem punidos: todos estariam sendo vigiados onde quer que estejam, (imagine satélites com câmeras de altíssima resolução e poder de alcance que filmam, transmitem em telescreen em tempo real tudo o que acontece, câmeras espalhadas por toda a parte; documentos de identificação com um dispositivo integrado GPS que permite a localização exata e precisa de qualquer um, ou seja, controle total!). E também a implantação do dinheiro eletrônico: todas as transações comerciais e financeiras seriam feitas através de cartões, chips, etc. O dinheiro de papel será abolido em um futuro distante.
Alguns teóricos da conspiração chegaram a relacionar isso com uma passagem bíblica do Apocalipse: a parte que fala de uma sociedade do futuro onde ninguém poderá comprar ou vender se não possuir a "marca da besta" que, segundo esses teóricos, seria o tal chip. 
Mas há a questão do direito à privacidade, então as pessoas deveriam ser convencidas a abrir mão disso em troca de um controle totalmente eficaz do crime, garantia de uma vida “segura”, (através da mídia, que com seu enorme poder de influência, cumpriria bem essa tarefa) e, enfim concretizar essa ideia. Além disso, existe aquele princípio da supremacia do interesse público (a "segurança" de todos que seria proporcionada por esse tipo de controle) sobre o particular (a privacidade de cada um). Por outro lado, isso abriria precedente para uma forma de tirania e totalitarismo como narrados no livro (onde descreve, inclusive, a criação de uma nova língua, que quando completa impediria a expressão de qualquer opinião contrária ao regime).
           Parece devaneio, mas existem coisas hoje que há décadas atrás também pareceriam; além disso, não há nada que com trabalho não possa ser realizado (mesmo que demore). O ideal mesmo seria se todas as pessoas fossem (ou se tornassem) boas e merecedoras de confiança, se existisse um senso ético intrínseco e incorruptível em todos de tal modo que não fizessem sentido as ideias de vigiar, estabelecer leis ou controlar, mas isso é que é realmente impossível, muito mais utópico que o descrito acima.

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